O curso de Ciências Biológicas e o mestrado em Ciências Ambientais da Unochapecó desenvolvem o projeto intitulado “Qual o status de conservação da biodiversidade em unidades de conservação na região Oeste do estado de Santa Catarina?”. O objetivo da pesquisa é de conhecer a diversidade de espécies da fauna aquática e terrestre, a qualidade dos ambientes naturais e a percepção da comunidade sobre as unidades de conservação (UCs) na região Oeste do Estado.

As pesquisas ocorrem em duas unidades, que são o Parque Estadual das Araucárias (PEA), no município de São Domingos, e no Parque Estadual Rio Canoas (Perc), no município de Campos Novos. Os resultados da pesquisa poderão contribuir com a sociedade através de maior conhecimento sobre a biodiversidade que existe nos parques, de maneira a sensibilizar as pessoas quanto à importância dessas áreas.

Segundo a coordenadora do projeto, professora Elaine Maria Lucas Gonsales, o projeto vem de encontro a um dos principais problemas de conservação no Brasil: a gestão de unidades de conservação. Não basta apenas existir as UCs, criadas pelo governo; são necessários os mecanismos ou instrumentos para que a conservação das espécies seja viabilizada nessas áreas. Igualmente importante é a compreensão e o envolvimento da população com essa estratégia de conservação. “Nós já realizamos uma etapa de coleta de dados em campo, levantando as espécies de fauna e a qualidade dos ambientes, especialmente da água. O projeto certamente terá impacto positivo para as UCs, uma vez que as informações geradas poderão servir como ponto de partida para a definição de políticas públicas mais concretas em prol da conservação da biodiversidade”, enfatiza Elaine.

Avaliação das características

Os bolsistas e docentes, executam saídas a campo de aproximadamente cinco dias para avaliação das características físicas e químicas de ambientes aquáticos. Efetuam levantamento sazonal, uma vez em cada estação do ano, da diversidade de anfíbios, aves, macroinvertebrados (insetos, minhocas e caracóis aquáticos) e peixes, além de investigações das principais ameaças à conservação dos animais. Outra atividade desenvolvida são as entrevistas com a comunidade que mora no entorno das áreas visitadas e com o conselho consultivo das UCs, no intuito de conhecer a percepção sobre a importância das UCs, bem como conscientizar a população.

Angélica Soligo Cassol, estudante do sétimo período do curso de Ciências Biológicas, é bolsista há um ano e relata que o projeto é de grande relevância para o conhecimento da diversidade de fauna. A partir dos dados coletados será possível conhecer mais sobre a ecologia dessas espécies, principalmente as ameaçadas de extinção, visando futuramente algumas estratégias de conservação das mesmas. “É necessário que as pessoas entendam que cada ser vivo cumpre um papel importante na natureza e que muitos impactos causados pelo ser humano estão levando espécies à extinção, por isso a importância das unidades de conservação, que têm como um dos principais objetivos a preservação das espécies e de seus habitats”, complementa Angélica. 

O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), em parceria com a Fundação do Meio Ambiente (Fatma). As atividades iniciaram em agosto de 2012 e terão duração de dois anos, até agosto de 2014. Participam da pesquisa sete docentes, sete estudantes do mestrado, 10 estudantes da graduação e dois técnicos de laboratório.

A oportunidade surgiu a partir de um edital de seleção pública de apoio a projetos de pesquisa científica em UCs do estado de Santa Catarina, lançado pela Fapesc e Fatma no ano de 2012. O objetivo do edital foi apoiar projetos de pesquisa científica relacionados ao conhecimento, conservação e uso sustentável da biodiversidade nas UCs de proteção integral, cujos estudos apresentem relevantes impactos científicos, ambientais e socioeconômicos para Santa Catarina.

Resultados parciais das pesquisas

Até o momento foram realizadas coletas de dados da estação verão (fevereiro de 2013) e estão sendo realizadas as coletas da estação outono (maio e início de junho de 2013) nas duas unidades de conservação.

No Parque Estadual das Araucárias (PEA), em São Domingos, foram registradas 125 espécies de aves e no Parque Estadual Rio Canoas (Perc), em Campos Novos, 110 espécies. Já de anfíbios, no PEA foram registradas 15 espécies e no Perc 14. No Perc os pesquisadores registraram a espécie Vitreorana uranoscopa (perereca-de-vidro), que está ameaçada na categoria “vulnerável”, segundo a Lista das Espécies Ameaçadas do Estado de Santa Catarina.

De peixes, no PEA já foram registradas 13 espécies e no Perc três. Quanto aos macroinvertebrados aquáticos e qualidade da água, os dados estão sendo processados para posterior análise no laboratório de Ecologia e Química da Unochapecó.