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Palavra do Reitor

 

Esta é sim uma região diferenciada, por conta da cultura do povo da região Oeste que ajuda a impulsionar o Estado de Santa Catarina e o sul do Brasil.

Chapecó já passou por muitos momentos de grandes desafios que nossos guerreiros passados souberam enfrentar. Desde a defesa de nossos limites territoriais pelo nosso Índio Condá e sua família, passando pela chegada de nossos antepassados imigrantes e por uma intensa luta pela sobrevivência e crescimento do nosso Oeste, até o tempo em que nossa querida Chapecó chegou aos seus 50 anos, quando lideranças da cidade criaram a SAC - Sociedade Amigos de Chapecó para marcar aquele momento e pensar o futuro.

Atuando de forma organizada e pró-ativa, promoveram um período promissor, marcado pela criação de algumas organizações pautadas no associativismo e no cooperativismo. Nesta época criou-se a EFAPI, se conseguiu trazer a Sadia, o nascimento da Cooperalfa, a Coopercentral Aurora e o surgimento da nossa querida Associação Chapecoense de Futebol.

Gestou-se o sonho de se ter uma Universidade no Oeste de Santa Catarina, criando naquela época a Fundeste, mais precisamente em 04 de julho de 1970, na gestão do prefeito João Destri, por iniciativa coordenada pelo então Secretário de Negócios do Oeste, Plínio Arlindo de Nes, e participação do bispo diocesano Dom José Gomes (os primeiros presidente e vice-presidente da Fundeste, respectivamente).

Desde a criação da Fundeste muita coisa aconteceu. Transformamo-nos em uma Universidade, a Unochapecó, com quase 10 mil estudantes, com 07 programas de mestrado, mais de 40 cursos em andamento. Estamos chegando à marca de 31 mil estudantes qualificados desenvolvendo nosso país. Sem dúvida somos uma universidade de destaque no cenário nacional, resultado do esforço de muitos que por aqui passaram e ainda hoje estão aqui. Mas o que será que nos reserva o futuro? Eis que agora que chegamos ao centenário nos deparamos mais uma vez com um ponto de inflexão para um novo período de desenvolvimento, tal qual ocorreu há cerca de 50 anos. Chapecó, neste período, cresceu e não precisa mais de apresentações no nosso país e continente.

Observa-se que uma ampla modificação vem ocorrendo nos processos em todas as áreas e dimensões da vida humana, individual e coletiva, tendo como destaques a informação e o conhecimento. Torna-se importante prestarmos atenção a essa nova condição. Muitos modelos do passado não mais importam, vivemos em vários aspectos um amplo processo de mutação. Basta olhar para nossos filhos e os jovens que estão nos sucedendo. Trata-se de uma importante transição na humanidade, da industrialização (no fim do uso da força humana) para a era do conhecimento (no amplo uso da capacidade intelectual), que vem provocando uma evolução na forma de pensar e agir de todo ser humano.

A universidade, como locus de produção do conhecimento, e em especial a Unochapecó, tem demonstrado estar disposta a assumir esta condição de organização voltada ao desenvolvimento dos seres humanos e da região, a partir da produção do conhecimento, nesta nova condição estabelecida. Um exemplo disso são as modificações nos projetos pedagógicos que se tornam mais dinâmicos nesta nova realidade, preparando o profissional do futuro, além de projetos como a Rede de Inovação, o Museu de Ciência e Tecnologia e principalmente o Parque Científico e Tecnológico Chapecó@, que se constituem em instrumentos de aproximação da Universidade com esta realidade, promovendo a geração de soluções para nossa sociedade.

As Universidades do futuro ampliarão seu escopo de formação profissional para constituírem-se em um dos mais importantes componentes da sociedade. Neste contexto, a Unochapecó tem empreendido esforços no desenvolvimento das pós-graduações no âmbito do stricto sensu, que ganham força e vigor, trazendo para o contexto da região uma identificação de centro produtor de conhecimento que, associado ao Parque Chapecó@, poderá em um futuro próximo ser o principal gerador de soluções inovadoras para a sociedade regional, ampliando o escopo da matriz produtiva local. Esta caminhada relata o posicionamento de vanguarda que é característico da nossa Instituição.

A Unochapecó foi a primeira Faculdade de nossa cidade com a criação da Fundeste, e foi a primeira Universidade. Lançou o primeiro curso superior, o primeiro curso de pós-graduação, o primeiro mestrado, o primeiro doutorado interinstitucional e o primeiro Parque Científico e Tecnológico. Com certeza as novidades não param por aí, sempre totalmente engajada com todos os setores da sociedade de Chapecó, São Lourenço e toda a região Oeste Catarinense.

Nosso modelo contribui para o momento atual. Henry Mitzemberg, em seu recente livro "Renovação Radical", de 2015, aponta que as organizações mais adequadas para enfrentamento das condições futuras são aquelas que de forma híbrida utilizam o que há de melhor entre a área pública e a privada, o que ele chama de empresas plurais. Vejam que nossas instituições comunitárias, à frente de seu tempo, atuam desta forma desde a década de 70, muito embora quase sempre não compreendidas na sua totalidade e tolhidas pela burocracia do Estado. A partir de agora, com a Lei das Comunitárias, caberá a nós lutarmos pela implementação das condições que irão fortalecer nosso conjunto de Universidades Comunitárias.

Um novo paradigma de atuação das universidades está sendo gestado com base na perspectiva da Tríplice Hélice, apresentada por Henry Etzcovitz. Não há mais espaço para instituições que não estejam visceralmente envolvidas com o processo de desenvolvimento da sociedade no seu entorno.

Esta nova Universidade terá como base a vanguarda em suas ações de ensino, espaços interativos e propícios para a criatividade, atenta à geração de conhecimento e à transferência de tecnologia para a sociedade, produtora de cultura, esporte e arte, ao mesmo tempo oferecendo formação cidadã e humanitária.

As respostas demandadas pela comunidade exigem uma universidade inovadora também nos seus processos, com inteligência organizacional, parâmetros de sustentabilidade e agilidade na tomada de decisão. Há que se discutir uma evolução na atual estrutura organizacional para agilizar os procedimentos e fluxos que muitas vezes emperram a efetividade, além da premente necessidade de aumento da capacidade de investimento que vem sofrendo um defluxo devido as atuais condições da economia e do financiamento estudantil.

Outro item que considero importante é a recuperação dos valores morais e humanos. Muitos se perguntam: qual a saída para nosso país? Outros respondem que a saída é a educação. Mas que educação? Este sistema que temos hoje dará conta de transformar o futuro de nosso país? Todos podemos afirmar que não. Há que se efetivar imediatamente uma Reforma Educacional, longe dos interesses políticos e das tramas legais que nos cercam, para que possamos, de forma verdadeira, pensar em nossas crianças, nos nossos jovens e no nosso futuro.

Por aqui, temos um grande desafio de recuperação da nossa gestão do ensino. Sonhamos com uma instituição desburocratizada, com excelência no ensino e no atendimento, com um sistema político mais leve, que dê mais oportunidade para o desenvolvimento, tanto das pessoas quanto para o fortalecimento da Instituição. É sempre nas dificuldades que encontramos as oportunidades, e este momento atual aponta para um grande momento de oportunidades. Estamos preparados para esse momento turbulento com uma caminhada que não começou hoje e que contou com muitas pessoas.

Aceitamos o desafio de transformação da Unochapecó em uma instituição mais leve, mais reconhecida cientificamente e capaz de evoluir em cenários adversos. Isso somente será possível com o esforço de cada um de nós, que almejamos construir esta grande instituição, compartilhando nossos sonhos e ações para o desenvolvimento sustentável de nossa região. 

Claudio Alcides Jacoski

 

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