
Bate-papo com escritora chapecoense marca a data na Unochapecó
Chapecó, 12 de março de 2025 - Oito de março é a data que, mundialmente, representa a luta e os direitos das mulheres. O Clube Literário Encontros, iniciativa da Biblioteca da Unochapecó, nomeada Professora Oneida Belusso, organizou na tarde da terça-feira (11) um bate-papo com a escritora Jessica Lais Martinelli, em celebração à data. O evento foi marcado pela apresentação da autora e da história contada no livro, além de trocas entre o público e a palestrante.
A chapecoense Jessica Martinelli é autora do livro “A Calha”, publicado em 2024. A obra é um relato de superação da vida da própria escritora. Ela narra todo o processo desde a violência sexual sofrida na infância, as etapas para se tornar Policial Civil, a luta pela justiça relacionada ao caso e o momento em que consegue fechar a cela do seu próprio agressor. Segundo ela, o principal objetivo do livro é acolher as pessoas que também passaram por situações abusivas.
O livro também é definido como forma de reflexão sobre os questões que rodeiam um caso de violência sexual, como os impactos na vida da vítima, a busca pela justiça, o medo e a capacidade de superação dos impactados. Após a grande repercussão do primeiro livro, Jessica revelou que pretende escrever mais sobre a sua história. Em meio ao trabalho como policial e às palestras, ela conta que a próxima obra ainda não tem previsão de lançamento. “Eu estruturei todo o sumário e o primeiro capítulo já foi iniciado”, conta.
Jessica atua como Agente de Polícia na Polícia Civil de Santa Catarina desde 2016 e, de formação, é advogada pós-graduada em Criminologia, Política Criminal e Segurança Pública. Também é mestre em Direito, Cidadania e Atores Internacionais pela Unochapecó. Segundo ela, o mestrado foi fundamental para a produção do livro. “A minha escrita melhorou muito, por conta dos trabalhos e relatórios realizados durante esse período. Eu já tinha o desejo de escrever o livro antes, mas foi esse processo do mestrado que me encorajou de fato na escrita dele”, revela.
Coordenadora da Biblioteca e mediadora do clube literário, Jackellynni De Barros, é uma das organizadoras do evento. Ela afirma que o objetivo da palestra era criar um ambiente de reflexão sobre a força e a resiliência feminina, além de ressaltar o poder da literatura na superação de desafios. “Mais do que um bate-papo, esse encontro é um momento para compartilharmos experiências e nos conectarmos com temas que precisam ser discutidos”, conta.
A mediadora compartilha que a escolha da palestrante foi “uma forma de dar voz a tantas outras mulheres que passaram por situações semelhantes e de fortalecer a importância da luta por justiça, acolhimento e transformação”. Ela também define o clube literário como meio de criar vínculos com os livros, as histórias e, principalmente, as pessoas. Jackellynni também ressalta que os integrantes acreditam na literatura como forma de entender o mundo, motivo que os leva a discutir temas importantes para a sociedade.
O evento foi promovido pelo clube da Biblioteca, que existe desde 2023, e é aberto para acadêmicos, funcionários e público externo. As reuniões são feitas na Biblioteca ou na cafeteria presente no Jardim das Artes, onde os membros discutem seus pontos de vista acerca de um livro previamente escolhido. Aos interessados, é possível acompanhar o cronograma de encontros no Instagram @bibliotecaprofoneida.
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Texto: Emilly Bueno e Leticia Begotto Buratti / Estagiárias da Acin Jornalismo;
Fotografias: Emilly Bueno.