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Caso SwissLeaks provoca debate no Curso de Jornalismo

Educação

Vivências jornalísticas, questões envolvendo a ética, a investigação, e apuração dos fatos foram alguns dos conceitos debatidos no encontro promovido no curso de Jornalismo da Unochapecó em comemoração a 7 de abril, Dia do Jornalista. O evento, De Olho Na Mídia, utilizou o caso SwissLeaks HSBC para envolver estudantes e professores, em uma reflexão sobre postura jornalística em grandes coberturas midiáticas.

Como ponto de partida da discussão, todos assistiram o vídeo produzido pelo Observatório da Imprensa, que contextualiza a participação da mídia e de instituições governamentais brasileiras no caso SwissLeaks, através de entrevistas com jornalistas envolvidos na investigação e apuração dos dados. Logo após, abriu-se o microfone para as considerações a respeito da participação dos meios de comunicação brasileiros, e o comportamento profissional adotado nessas situações.Foto dentro do texto

O SwissLeaks constitui-se em uma apuração jornalística, realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que reuniu informações sobre mais de 100 mil contas do banco HSBC, na Suiça. Entre elas, 6.606 contas pertencem a clientes brasileiros, totalizando um valor de US$ 7 bilhões. No Brasil, somente quatro jornalistas têm acesso a esses dados, sendo Fernando Rodrigues, editor do Blog do Fernandono Portal UOL, o principal deles.

O caso começou a ser apurado pelo jornalista ainda na década de 90 e, aos poucos, os resultados das investigações estão sendo postadas em seu blog, revelando, inclusive, alguns nomes de pessoas públicas envolvidas com o caso. Para o professor Hugo Paulo Gandolfi de Oliveira, que ministra as matérias de Jornalismo Impresso, casos como este apontam o crescimento do jornalismo independente. "A nossa responsabilidade, como jornalistas, é de informar o público e de fornecer a informação correta, com a devida apuração" afirma.

No debate, questões sobre a divulgação dos dados foram levantadas, uma vez que apenas Rodrigues detém esse conteúdo, tornando-se na única fonte que sustenta a cobertura de outros veículos de comunicação da mídia brasileira. Durante a discussão, dúvidas acerca da atuação do jornalista foram expostas, já que não há como identificar se as informações repassadas por ele sofrem manipulações baseadas em interesse pessoal ou profissional. A professora de Língua Portuguesa, Juceli Morello Lovatto, acredita que a demora na divulgação dos fatos tem envolvimento com a política brasileira. "Na mídia, os escândalos aparecem um dia, e, dependendo de interesses, esses episódios podem ganhar manchetes permanentes ou serem engavetados. O objetivo disso pode ser o de construir uma ideia coletiva de que o Brasil está em crise, não tendo mais o que fazer", disse.

Na mesma lógica de raciocínio, alguns alunos afirmaram que o caso só deveria ser publicado se fosse na íntegra, outros defenderam a atitude assumida pelo jornalista, que utiliza a necessidade de apurar com profundidade, e o interesse dos brasileiros, como justificativa para sua forma de tornar públicas as informações que ele obteve. O estudante Taulan Cesco compactua da primeira afirmativa. Ele acredita que o caso seria apurado de uma forma muito mais eficiente, se as informações estivessem disponíveis para um grupo maior de jornalistas. "Nos outros países, os jornalistas se uniram, e todos constroem juntos as informações. No Brasil, essa informação fica na mão de poucos", afirma.

Debater o caso e refletir a ação dos profissionais no mercado de trabalho foi essencial para o aluno do terceiro período Alex Sandro Saldanha. Ele relata que pode compreender o caso e analisar como a mídia se comporta em coberturas de casos impactantes, incrementando o seu conhecimento para quando sair da universidade. Nessas situações, para ele, "o jornalista deve duvidar mais, ir em busca de respostas. Ser inquieto, buscar todos os lados de uma história, e publicar apenas com muita cautela. Afinal, o jornalista trabalha primordialmente para o público".

Com base nos tópicos abordados no debate, que usou como “case” o SwissLeaks HSBC, foi solicitado pelo grupo de professores, a produção de um pequeno paper, onde os estudantes apresentarão o resultado de suas reflexões sobre a postura jornalística em grandes coberturas midiáticas. 

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