Curso de Ciências Contábeis comemora 50 anos de histórias
Pioneiro na região, o curso de Ciências Contábeis ajudou a construir a Unochapecó que conhecemos hoje. Implantado em 1974, com o objetivo de contribuir para a formação humana e profissional, a fim de alavancar o progresso socioeconômico regional, foi a segunda formação oferecida pela Instituição e era moldada por docentes de diversas áreas das ciências exatas, destes estava Antônio Blanger.
Antônio é formado em Ciências Econômicas e, para além de ser um dos primeiros docentes da Universidade, também acompanhou de perto o início da Unochapecó. O professor era um dos responsáveis pela administração e encontrou muita dificuldade para manter a Instituição em pé, mas não desistiu.
"Inclusive, nós tivemos que fazer uma rifa de um Opala, que na época a Fundeste tinha, para conseguir pagar uma
parte dos professores. É um momento que marcou, porque a gente chegou aqui e encontrou a nossa faculdade aqui em situações bastante difíceis. Mas foi indo, evoluindo, vieram mais cursos e hoje está esse espetáculo que temos aí", lembra com saudosismo.
O professor relembra, ainda, das reformas que moldaram a antiga estrutura, recebida pela prefeitura, para um campus universitário. Do calçamento próprio para o estacionamento às salas de aula, tudo foi construído com a força daqueles que acreditavam no conhecimento como caminho para a transformação social; daqueles que traziam professores e estudantes até a Uno com uma Kombi, "na Kombi da Fundeste, no caso, era tudo estrada de chão e às vezes a gente tinha que empurrar pra subir pra chegar lá em cima!", conta sorrindo.
Da década de 1970 até aqui, com um percurso repleto de superação e resiliência, foram mais de 3.000 profissionais formados e qualificados para atuar no mercado de trabalho. Destes, está Zair Celso Cerutti, egresso da primeira turma de Contábeis, cuja história com a Fundeste/Unochapecó ultrapassa a barreira dos 50 anos. Zair foi um dos primeiros funcionários da Fundação, ainda secundarista, onde datilografou o Estatuto da Fundeste, e lembra com carinho do primeiro reitor, o professor Altamiro de Morais Matos.
"A partir disso, em 1972, iniciaram-se as atividades da Fundeste, com dois cursos: Pedagogia e Estudos Sociais. No fim de 1973 pedi demissão do quadro de funcionários, pois eu ia prestar o vestibular e, na sequência, cursar Ciências Contábeis, cujo curso se iniciaria em 1974. Fiz o 2° grau no Científico, mas trabalhava com Contabilidade, o que me levou a gostar de números, e cursar Ciências Contábeis", recorda.
Em seus dois primeiros anos de faculdade, Zair teve aulas no Seminário Menor de Chapecó, a mudança para a atual estrutura da Uno aconteceu em 1976, ainda com poucas construções e em uma Efapi recém habitada. Uma das histórias mais antigas da Uno, que nos acompanha até os dias de hoje, conta que as estruturas que agora são nossa Universidade estavam prontas para receber um Hospital Psiquiátrico - o qual não chegou a funcionar e foi entregue para a Fundeste.
"As salas de aula se misturavam com salas de refeitório, de caldeiras, de lavanderia, oficina, e lentamente foram
sendo desmontadas e transformadas em mais salas de aula. Então, nós fomos os primeiros pacientes – loucos – LOUCOS POR NÚMEROS!", brinca Zair.
A primeira turma, por ser a primeira, era muito heterogênea. Cerutti, na época com 18 anos, era o estudante mais jovem, e participava das aulas com colegas já formados em Técnico em Contabilidade e que já atuavam na área. Parte dos seus professores não eram de Chapecó, e deslocavam-se de cidades como Florianópolis e Porto Alegre; assim, gradualmente, a Instituição formou seu quadro de docentes. "Por isso somos cientistas em contabilidade. Isso se disseminou, e hoje somos mais de 3.000 contadores", relata com orgulho.
E a história de Zair continua viva na Unochapecó, com lembranças de sua trajetória e os documentos que auxiliou produzir, mas também com seu filho. O professor Saulo Cerutti, do curso de Direito, hoje integra o corpo docente da Instituição.
Comemorações
Comemorar meio século de dedicação à comunidade e educação qualificada é motivo de orgulho não só ao curso, como a todos que foram impactados por ele. Dessa maneira, os 50 anos de Ciências Contábeis foram celebrados no sábado (17), no Clube de Caça, Tiro e Pesca Caramuru, e reuniu egressos, docentes, acadêmicos, técnicos-administrativos e familiares.
Entre os presentes, e que prestaram homenagens ao curso, estavam o Presidente da Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (AMOSC), Glauber Burtet, o Presidente do Sindicato dos Contabilistas de Chapecó (SINDICONT), Carmo Alex Rohrig, e o Conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina (CRC/SC), Alcindo de Oliveira Lopes. O coordenador do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Ciências Contábeis e Administração, professor Sady Mazzioni, e a coordenadora do curso, professora Daniela Di Domenico também subiram ao púlpito para compartilhar momentos, agradecer a jornada e tornar o momento mais especial.
A reitoria da Unochapecó também se fez presente e homenageou o curso com belas palavras. Claudio Jacoski, reitor da Unochapecó, rememorou as mais de 60 turmas formadas nessa trajetória e desejou vida longa ao curso. "A gente acredita muito que a qualidade de ensino ofertada é que dá as condições para que a gente tenha empresas mais fortes, empresas com controle gerencial, fiscal, contábil, feito de uma forma diferenciada. E a gente quer que esse caminho siga em frente", declara.
Na coordenação do evento desde 2016, a professora Daniela Di Domenico reflete a respeito das inovações nas Ciências Contábeis nestes últimos 50 anos. Antes, dependia de processos e fluxos manuais trabalhosos, contudo, se mantém a essência de cuidar do patrimônio das organizações, analisar informações passadas e projetar o futuro com mais segurança e assertividade. "Para mais que números, a profissão representa a linguagem dos negócios, a base para tomada de decisões e a garantia da transparência das informações", sublinha.
Reconhecido com nota máxima pelo Ministério da Educação (MEC), o envolvimento estreito com a comunidade é um dos motivos que leva o curso ser referência na região. Para a coordenadora do curso, projetos como o 'Compartilhando Experiências' promovem a interação entre estudantes e egressos - que hoje atuam como contadores, gestores e empresários. Já 'Ciências Contábeis em Ação' insere os acadêmicos em causas sociais, com o objetivo de desenvolver um profissional, para além do conhecimento econômico, com sensibilidade, com um olhar às demandas socioambientais.
Comemorar meio século é um marco para a Unochapecó, e Daniela conta estar emocionada e com muito orgulho de pertencer a essa comunidade acadêmica, e espera que os próximos 50 anos tragam novos desafios, tecnologias e companheirismo entre corpo docente, estudantes e egressos.
"A Ciência Contábil significa um olhar atento e holístico para as organizações, cuidar do patrimônio, da governança e pessoas envolvidas. Adicionalmente, também é zelar pela comunidade, estar sempre atento às mudanças de mercado e como essas afetam o ambiente onde a empresa está inserida".
Hoje, trilhamos um caminho de inovação, com raízes naquele tempo que era mais difícil. Se somos referência hoje, é pela luta dos que nos precederam e sonharam com o curso de hoje. O senhor Antônio Blanger conta sobre seu espanto e admiração com a era digital e as transformações da Ciência Contábil, mas acredita que ainda há muito o que descobrir.
"Realmente é um orgulho estar aqui, nós viemos aqui justamente por isso. Lembrando do passado, do que foi, Eu digo, vale a pena a gente fazer parte dessa comemoração dos 50 anos. A gente praticamente não tem noção do que que vai ser, por que da maneira que a evolução que está acontecendo eu não sei o que que vai ser daqui dez, quinze ou vinte anos, mas na realidade a gente sabe que será uma evolução muito grande né? Provavelmente vão ter muitas coisas novas ainda, a contabilidade é necessária para toda comunidade."
Somos gratos a todos que nos ajudaram a construir o curso que conhecemos hoje, essa comemoração também é sua.
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Texto e fotografias: Ionara Virmes/AI Unochapecó