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Galeria de Arte Agostinho Duarte apresenta primeira exposição de 2023

Cultura

"Imaginar não significa colocar uma imagem inerte e imaterial diante dos olhos, mas contemplar a força que permite transformar o mundo e uma porção de sua matéria em uma vida singular”. A frase é do filósofo italiano Emanuele Coccia, que estuda as metamorfoses naturais. Para ele, "no plano mais microscópio, a natureza é o que permite estar no mundo, e, inversamente, tudo que liga uma coisa ao mundo faz parte de sua natureza".

É diante dessa premissa que se desenvolve a exposição ‘Corpo-inço’, do artista Audrian Cassanelli. Egresso da Unochapecó e natural do Oeste catarinense, Cassanelli assina a primeira exposição do ano da Galeria de Artes Agostinho Duarte, localizada no Jardim das Artes da Unochapecó. A mostra tem coordenação de Raquel Fonseca e curadoria de Fabíola Assunção.

A exposição traz autorretratos manipulados digitalmente, permeados por elementos da natureza, presente como elemento poético do seu fazer artístico. Ao misturar esses elementos ao próprio corpo, o artista modifica a percepção do sujeito, revelando um outro corpo metamorfoseado. Natural de Xanxerê/SC, cidade interiorana reconhecida como capital estadual do milho, Cassanelli sempre esteve em contato com a realidade da produção rural, nas monoculturas onde os inços insistem em germinar espontaneamente, mesmo após o uso de agrotóxicos para eliminá-los. 

A artista explora diversas relações do seu corpo com as plantas, assumindo-o como corpo híbrido e ressignificando assim, a luta pela sobrevivência. A ideia que surge dessa resistência reverbera na obra pelo uso de diferentes materiais aplicados ao corpo e ainda engloba questões sobre o seu lugar do ser no mundo e dicotomias com a noção como pertencimento e abandono. 

“Essa exposição faz parte da minha pesquisa de Mestrado, que está em andamento, pela Universidade Federal de Santa Maria. O trabalho foi orientado pela professora Raquel Fonseca. Tanto Inço quanto o autorretrato são temas que estão na minha vida há bastante tempo, e agora no Mestrado estabeleci a relação entre os dois, que são frutos da minha vivência como pessoa LGBTQIAP+ no interior”, explica.

O público está convidado a se aproximar da experiência capturada pelo artista, por meio de uma proposta que instiga o imaginário. diferentes diálogos são estabelecidos com seu próprio copo ao utilizar-se da tecnologia como facilitadora, que faz a intermediação e se torna possível a percepção sensível das imagens impactantes pelo deslocamento do corpo por ambientes hostis. “Equiparo os inços às identidades que não correspondem à heteronormatividade. A exposição conta com fotografias em diversos suportes: tecidos, impressões fineart e imagens sobre saco de ráfia”, diz Cassanelli.

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Audrian cassanelli
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