Novas sensações para os mesmos caminhos
Texto Vanessa Marquezzan*
Você já tirou os sapatos e saiu por aí caminhando de pés descalços? Esse ato representa muito mais do que simplesmente descarregar as energias ruins na terra, ele simboliza sentir na pele o chão em que pisamos todos os dias. Este mesmo espaço é a base que nos sustenta diariamente, mas que pouco paramos para percebê-lo, seja sua cor, seu aspecto e sua composição.
Diariamente, milhares de pessoas passam por todos os espaços da Unochapecó e, aos poucos, moldam esses caminhos. É só parar para observar o cimento desgastado, a brita revirada e a grama pisoteada, que percebemos a importância das marcas deixadas pelos nossos passos aqui.
Ao sair por aí, com os pés livres, dispostos a desvendar e sentir o chão que piso diariamente, percebo o aspecto áspero do chão de cimento e as pedras pontiagudas dos estacionamentos de brita. A grama molhada depois da chuva no bosque, o frio do piso, a madeira das salas de assoalho, o encaixe dos pavers no Jardim das Artes e o calor do asfalto. Não posso esquecer da sensação fria do piso de porcelanato da Clínica de Odontologia, a areia macia do laboratório de Engenharia Civil e o emborrachado do tatame do ginásio.
Ao olhar para meus pés, vejo a poeira que é transportada para todos os lados pelos calçados. Resquícios que trazem o DNA da região, por meio dos passos apressados de quem vem de longe e de quem está sempre com pressa.
Porém, quando pensei em ficar com os pés desprovidos de qualquer proteção, a primeira coisa que me veio à mente foi a sensação de pisar na terra, pois remete às minhas lembranças da infância no campo. Claro que existe um lugar especial aqui na Unochapecó, onde, cada vez que piso, relembro delas: o Viveiro Universitário. A textura da terra, seja ela macia pelo cuidado, ou compacta pelos caminhos marcados por passos das pessoas que ali circulam, trazem calma e boas energias.
Também, pude perceber na pele como é sentir os pavers e emborrachados destinados à acessibilidade. Assim compreender a importância deles para as pessoas com deficiência visual se orientarem. Esse ato de empatia está relacionado, da mesma forma, com os meios adaptados para os deficientes físicos, como as rampas e os elevadores. Afinal, o chão nem sempre é terra.
O conjunto dos passos físicos realizados dentro da Unochapecó significa as escolhas que tomamos para a nossa vida. Essas experiências que adquirimos aqui, nos tornam cada vez mais fortes e decididos. Com a certeza de que carregamos uma imensa bagagem de conhecimento e coragem para encarar novos desafios.
Se você estiver disposto a viver esta sensação, tire alguns minutos do seu dia, pare, descalce os pés e caminhe. Além de trazer ótimas lembranças, esse ato pode fazer com que compreenda melhor os caminhos percorridos e planeje o futuro a passos largos.
*Estagiária, sob a supervisão de Jessica De Marco