Redução na confiança do consumidor persiste em setembro
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é calculado mensalmente pelo curso de Ciências Econômicas da Unochapecó, juntamente com o Sindicato do Comércio (Sicom), para o município de Chapecó. Em setembro, ele apresentou uma variação de -5,63% em comparação ao mês de agosto, e foi reduzido para 75,70 pontos. Em relação ao mesmo mês de 2020, houve variação positiva de 3,93 pontos (5,47%). O resultado para setembro continua sendo de desconfiança, segundo a taxonomia. A amostra da pesquisa foi composta por 150 participantes de diferentes faixas etárias e classes de renda. O levantamento foi realizado entre os dias 16 a 25 de agosto, por meio do Google Formulários.
Neste cenário, o receio dos consumidores pode estar ligado a dois fatores que afetam diretamente suas rendas. O país enfrenta a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, a falta de água obriga o governo a acionar as usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes, além de aumentar sua importação de energia do Uruguai e da Argentina. Quanto à gasolina, houve aumento de 27,51%, o fator que mais pesou para o último aumento foi o reajuste da Petrobras e não a carga tributária, que apesar de ser alta, se manteve estável. Atualmente 27,5% do preço da gasolina é tributo estadual e 11,6% federal.
A professora do curso, Cássia Ternus, destaca que o desempenho do PIB brasileiro no segundo trimestre de 2021 também impacta neste resultado.
"De acordo com a agência de classificação de risco Austin Rating, o Brasil apresentou queda de 0,1% na produção interna bruta do país no segundo trimestre do ano. Esse resultado é, em partes, reflexo da instabilidade e insegurança que evidenciamos também no ICC chapecoense. Enquanto os consumidores não se sentirem confiantes, teremos resultados econômicos instáveis. Logo, o ICC fornece um termômetro de como a economia irá se comportar.”
O Índice de Condições Econômicas (ICE) apresentou uma variação de 0,63%, chegando em 78,12 pontos. Os resultados indicam que os consumidores estão mais confiantes em relação às suas finanças e às condições para aquisição de bens duráveis, se comparado ao mês de agosto. Por outro lado, o Índice de Expectativas de Consumo (IEC), que mensura o sentimento dos consumidores em relação aos próximos anos, tanto da situação econômica pessoal quanto do país, apresentou retração de -9,27%, caindo para 74,21 pontos. Essa redução revela que os consumidores estão menos confiantes em relação aos próximos anos, o que não é próspero para a economia.
A média da renda dos participantes da pesquisa foi de R$4.557,41 indicando que houve redução de -2,02% em comparação a agosto. Seguindo tendência contrária, as expectativas de gastos extras aumentaram de R$655,46 em agosto para R$856,91 neste mês, as expectativas de gastos pela internet também expandiram em 7,85%, chegando a R$410,97.
Reflexos da Covid-19
Após o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, a pesquisa do ICC passou a abordar perguntas referentes ao comportamento dos consumidores chapecoenses durante esse período, comparando-os com o mês anterior.
Os dados coletados mostram que 39,60% dos respondentes de setembro declararam estar mais preocupados com a Covid-19 do que estavam no mês anterior. Ainda, 35,57% mantiveram o nível de preocupação, enquanto 22,82% estão menos preocupados, e 2,01% não souberam responder. Esse aumento na preocupação pode estar atrelado com a confirmação do primeiro caso da variante Delta no município, confirmada no mês de agosto.
Analisando os dados divulgados pela Prefeitura de Chapecó no Boletim Epidemiológico Covid-19, houve um aumento de 106,74% no número de casos ativos na cidade do dia 01 à 29 de agosto. É provável que este aumento esteja ligado com a flexibilização das restrições e a nova variante que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a mais contagiosa entre todas as cepas já sequenciadas.
Adentrando na vida financeira dos consumidores, 74,50% deles asseguraram que não houve alteração na sua renda em decorrência da pandemia, enquanto 20,13% constataram diminuição na mesma e 5,37% tiveram aumento, os demais não souberam ou não quiseram responder. Destes, 25,50% realizaram cortes em gastos extras e essenciais e apenas 1,34% dos pesquisados realizaram cortes em gastos essenciais que incluem moradia e alimentação.
Com informação do curso de Ciências Econômicas